Com a segunda metade do séc. vem também uma mudança de visão. Uma maior variedade de imagens, visto que o homem tinha mais para ver. A iluminação, faz os populares saírem à noite e descobrir novas coisas.
- Ruptura com o regime clássico da visão;
- Visão subjectiva: depende cada vez mais dos nossos sentidos e menos da natureza do estímulo;
- Visão fisiológica: imperfeita, arbitrária, autónoma;
- As imagens perdem o contorno, o olho torna-se móvel e panorâmico, deixa de ser moldado pelo ponto de fuga;
- Manet introduziu o “informe” na representação através de uma desatenção profunda ao objecto e à sua coerência (o real torna-se indiferente, o que interessa é a visão do próprio autor);
Atenção
Aquilo que previne a nossa percepção de ser um fluxo caótico de sensações;
Distracção
Apreensão do fluxo e da duração, nos quais os objectos e as sensações têm uma existência provisória;
Existem duas formas de atenção:
- Atenção consciente ou voluntária ligada a um comportamento mais envolvente;
- Atenção automática ou passiva, ligada a estados oníricos ou de sonambulismo (a figura parece inerte, olha mas nada vê);
- Lógica de troca psíquica e económica, de equivalência e substituição, de fluxo e dissolução que ameaça destruir as posições aparentemente estáveis (distracção);
- Ligação da visão, fixação obsessiva da percepção para manter a viabilidade de um mundo real funcional (atenção);
- Manet revela a atenção que está dobrada em dois diferentes estados de distracção que começa a corroer a unidade e estabilidade do quadro;
- Um olhar desligado que está sempre na dobra entre a atenção e a distracção.
Édouard Manet
Se a pintura representava fotograficamente a realidade, aqui o que interessa é a realidade da imagem, o objectivo dela é ela mesma (dessacralização). Recusa tudo o que é estranho à pintura, indiferença da significação do assunto. Há a revolução do modelo de representação: “quando olhamos para a natureza não vemos objectos individuais, cada um com a sua própria cor, mas uma brilhante mistura de matizes que se combinam na nossa mente. O esbatimento cromático torna-se presente nos planos, há neutralidade do fundo e superfície fortemente iluminada.
A objectividade da pintura e não do assunto, diferencia-o dos impressionistas. A natureza deixa de ser matéria de reflexão, mas uma fonte imediata de sensações puras. Pintura sensorial do presente, dado que existe uma realidade fenomenológica do olhar que deve ser mostrada. Manet introduziu a desordem na pose, nenhuma história é contada através de gestos nobres.
A pintura deixou de ser uma janela aberta para o mundo: uma tela é uma superfície pintada com tinta e que se deve olhar para ela e não através dela. O realismo deixa de ter a ver com a visibilidade do objecto representado, mas com a visibilidade do olhar (se tem alcance, se tem capacidade se tem qualidade) que pousa sobre o objecto representado.
Impressionismo
- Substituiu a doutrina do instante pregnante, ao cultivar valores como o efémero, a circunstância, a sensação;
- Recusa a precisão das imagens, as visualidades pretendem provocar emoções pela analogia e não por uma representação fiel;
- “Num momento qualquer, só conseguimos focar um ponto com os olhos, e tudo o resto nos parece uma amálgama de formas desconexas. Podemos saber o que são, mas não as vemos;
- Oposição à pintura aristocrática ao por em causa a noção de beleza, não é uma representação fiel da natureza, mas uma sugestão;
- O que está pintado não é o que Deus fez, mas o que o homem vê;
- Tentativa de apreender a realidade da luz.