No segundo verso da primeira estrofe, é revelado o desejo de Deus – “Deus quis que a Terra fosse toda uma / Que o mar unisse, já não separasse – de que a Terra e o Mar fossem dominadas e conhecidas, de forma a eliminar todo o medo e desconhecimento por parte do Homem sobre o novo Mundo, que até então não passava de uma miragem.
No poema, a Obra que Deus quis e que o Infante se encarregou de levar avante foi, desde sempre, envolta num tom bastante pessoal e dramático, reveladores da ideia grandiosa da entidade divina. Esta missão surge predestinada a ser completada por um povo apenas – os portugueses – que, liderados por um homem consagrado por Deus (“Sagrou-te, e foste desvendando a espuma”), são capazes de enfrentar o desconhecido, deixando de lado os medos e receios de há séculos enraizados na sociedade e aventurarem-se em terras nunca antes exploradas, através do Mar, que surge simbolicamente representado como um meio unificador com a Terra. Em conclusão, esta missão que desde sempre seria Portuguesa, criou ela própria a entidade do Infante, que transmitiu o seu legado como um exemplo a ser tomado pela restante nação.
Os versos transcritos revelam três momentos temporais, nos quais são relacionados entre si o passado – em que Portugal cumpre o desejo de Deus e torna-se proficiente na busca incessante pelo além Terra, usando para isso o recurso Mar, fonte de conhecimento e da sabedoria transformados num autêntico Império; o presente – onde este Império se desfaz ainda Infante (pequeno), ficando por cumprir, segundo a perspectiva do sujeito poético o futuro através de um Império Maior, espiritual e culturalmente. Toda esta revelação sobre o que ainda há de vir é proferida em tom profético – “Senhor, falta cumprir-se Portugal!”, um destino glorioso e imaterial da alma Portuguesa pelo mundo fora.
A primeira parte do Poema, situado na primeira estrofe – “O Desconhecido”, revela a oposição entre o Mar desconhecido, nunca antes navegado, todo ele envolto em mistério medo e o Mar Português – que vira a página e revela toda a beleza por detrás das tormentas – um mar com “coral e praias e arvoredo”. A segunda parte inclui a segunda estrofe – “Encontro” – na qual ocorre uma descrição de vários planos relativos ao horizonte e à descobertas das novas Terras que, à distância, não passavam de “abstractas linhas”, mas que de perto revela “sons e cores”, bem como “aves e flores”. A terceira parte, presente na terceira e última estrofe – “O ser” – , caracteriza o sonho visto pelo sujeito poético, no qual é referida a importância de nunca perder a esperança e a vontade, mesmo que pareça impossível cumprir o sonho. – “O sonho é ver as formas invisíveis”. Esta incessante busca do horizonte oferece, no final, os dividendos e recompensas do concluir, com êxito, a obra – “A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte”.
O poema inicia-se com uma apóstrofe situada no primeiro verso – “Ó mar anterior a nós”, na qual o sujeito poético dirige-se ao mar desconhecido e assustador, ainda não descoberto por “nós”, uma referência directa aos feitos do povo português, que foi capaz de ultrapassar os medos e descobrir “coral, praias e arvoredos”.
O verso “Desvendadas a noite e a cerração”, o sujeito poético refere-se ao “mar anterior”, o mar desconhecido, caracterizado através de nomes como “medos”, “noite e a cerração”, “tormentas” e “mistério”. Este mar é ultrapassado e torna-se o nosso Mar, anteriormente visto ao Longe, mas agora revelado através de uma beleza e fascínio, como é visível através da metáfora no verso “Abria em flor o Longe”.
Na segunda estrofe, é iniciado um processo descritivo, em forma de aproximações sucessivas, de um plano mais afastado para um plano mais próximo. Assim, o que começa por ser uma “longínqua costa” .. “onde o Longe nada tinha”, progressivamente se aproxima e “abre-se a terra em sons e cores” para finalmente desembarcar e encontrar “aves e flores”.
Na última estrofe, o sujeito poético expõe, através de um paradoxo, a sua definição de sonho – “O sonho é ver o invisível”. Assim, de forma a ultrapassar o Horizonte e atingir o Longe, o sujeito lírico recorre ao conceito da “esperança e da vontade” que se tornam vitais na ambição de chegar ao Longe e de alcançar o que está mais além. Assim, sonhar torna-se intemporal, uma vez que no final, haverão sempre “os beijos merecidos da Verdade” – os dividendos desta busca que culminam na perfeita sintonia entre a sabedoria dos navegadores portugueses e um cenário idílico de congratulação pelos feitos alcançados.
O poema “D. Sebastião” pode ser dividido em duas partes lógicas correspondentes à primeira e segunda estrofe, respectivamente.
Na primeira parte, o sujeito poético faz uma caracterização da sua loucura, baseada na febre do além, do desconhecido – que lhe acaba por causar uma morte prematura na Batalha de Alcácer Quibir. No entanto, ficou a lenda, geradora do mito Sebastianista.
Na segunda parte, o sujeito lírico faz um apelo universal (a todos os homens) à loucura e à valorização do sonho como uma força motora de acção capaz de carregar o seu legado por gerações em frente.
A loucura do sujeito poético traduz-se como um desejo absoluto de grandeza e luta pessoal por um objectivo maior – o de expansão da nação – que acaba por sair furado e, como consequência, sucede à morte prematura do próprio Rei de Portugal, deixando consigo apenas a sua força e legado para os restantes seguidores.
No verso 4, é feita a distinção entre o ser da história Portuguesa “Ser que houve” – o que ficou “onde o areal está” e por isso encontrou a sua destruição física. Por outro lado, o verso 5 introduz o ser mítico “o que há”, aquele que sobreviveu e permanece imortal no espírito, um símbolo representativo da ideia do sonho que deve ser contemplado como um elemento fulcral na realidade.
Na segunda estrofe, o sujeito lírico faz um apelo universal (aos leitores e aos homens em geral) para que estes sejam tão loucos quanto aquele, através da valorização do sonho, da persistência e da fidelidade à Terra.
Os últimos três versos do poema introduzem uma interrogação retórica, na qual o sujeito questiona-se sobre o que é necessário para levar os valores nacionais em frente. Assim, o homem deve ser capaz de sonhar “a loucura”, sem temer a própria morte, de forma a não ser um simples ser sadio que apenas reproduz.
D. Dinis é, neste poema, caracterizado pela sua faceta enquanto trovador de poesia – “Na noite escreve um seu Cantar de Amigo”, bem como um lavrador – “O plantador de naus a haver”, facetas que se revelam mais tarde como importantes canais no que viria a ser o futuro do Império.
O mistério em torno de D. Dinis é preconizado na primeira estrofe, onde “um silêncio murmuro” é ouvido pelo Rei que escuta “o rumor dos pinhais que… ondulam sem se poder ver”. Estes versos acentuam o mistério por detrás de um visionário capaz de prever, muito antes de qualquer outra individualidade, o que seria um dos pilares fundamentais da história Portuguesa.
A metáfora presente no verso “O plantador de naus a haver” explica o carácter visionário de D. Dinis que criou as condições necessárias para a exploração marítima do século 15. Esta perspectiva única do Rei nasce como uma vocação natural deste, que conseguiu ver, antes de qualquer outro, o que mais tarde seria a obra máxima de uma toda uma nação – a grande Aventura dos Descobrimentos Portugueses.
No poema, estão expostos, através dos versos dois e quatro, uma parte importante da história de Portugal, que surge durante a exploração de Oceanos e Mares numa antes navegados, para culminar na propagação dos valores culturais e humanos em novas terras, pelo Mundo fora. – “É a voz da terra ansiando pelo Mar”