PINTURA FLAMENGA E HOLANDESA: realismo, cartografia e barroco

 

A pintura italiana anterior à flamenga é alegórica à fé. Nestas duas, flamenga e holandesa, a natureza morta começa também a ser representada.

  • A imagem possui um ponto-guia, uma referência cartográfica;
  • Na pintura italiana o fundo era menos importante, guiando assim o espectador para o ponto pretendido;
  • Na flamenga, é usado o método indutivo, a adição de objectos que criam espaço. (O drama é secundário à destreza da pintura do pintor);
  • Enquadramento arbitrário contrariamente à italiana que possuí um enquadramento ordenado e cuidado.

Pintura Flamenga

Mentalidade burguesa, relativamente à arte. Comércio banca, e mercado de arte. Se o brilho do óleo realça a pintura, a casa também ficará mais rica, mais brilhante. Há a valorização da superfície material da imagem. A arte deixa de ser essencial ao homem está lá, como qualquer outro objecto. O flamengo enquadra os episódios das Sagradas Escrituras em interiores descritos ao detalhe, que fornecem documentação quase fotográfica acerca da decoração e dos usos e funções dos objectos.

  • Visão sintética e unitária da perspectiva linear contrapõe-se na pintura flamenga. O elemento unificador é a luz que envolve todas as partes da representação, valorizando os mínimos pormenores. (Ao qual a pintura a óleo ajuda, visto que é lenta e dá oportunidade de acrescentar pormenores atempadamente);
  • Cada elemento, quer seja objecto do quotidiano quer seja parte da paisagem, merece ser representado e adquire um significado simbólico;
  • A pintura a óleo, mostra aquilo que o proprietário usufrui. Faz um inventário do que tem e do seu modo de vida. (Materialismo);
  • Há a obsessão pelo espaço, espaços grandiosos;
  • O enquadramento já não é representado na sua totalidade;
  • Armadilhas para o olhar. (ex: o espelho no Casamento dos Arnolfini, detém o ponto de fuga que nos devolve o espaço em falta reflectido nele);

Pintura Cartográfica

  • Existe ordem e cartografia na imagem;
  • Ruptura com o espaço centrado da perspectiva, que resulta em imagens cartográficas do mundo, provocando uma densidade visual;
  • Enorme projecção de campo perdendo-se a cena por todo o espaço. Levamos mais tempo a analisar a imagem. Vemos tudo, todas as situações. Variedade e simultaneidade de acções.

Composição

  • Falta de simetria;
  • Enquadramento arbitrário;
  • Personagens alheias, cada um conta uma história, o espectador escolhe com qual das duas mais se identifica;
  • Realismo fotográfico;
  • Simultaneidade e Descrição;

Barroco

  • Deixa de haver apenas um assunto na imagem;
  • A pintura é indiferente do seu ponto de vista e do lugar do espectador;
  • Há uma mobilidade do centro da composição;
  • É complexo, mas possuí um movimento dinâmico de múltiplas perspectivas.
  • Decide respeitar os limites do plano, uma vez que tende a invadir o espaço em várias direcções combinando pontos de vista múltiplos e perspectivas narrativas;
  • Organização policêntrica, ou seja, fluxo entre o dentro e fora do plano;
  • O olhar do espectador remete para profundidades enigmáticas e para o infinito;
  • A imagem controla o espectador dando-lhe a ilusão de liberdade;
  • Liberdade da deambulação do olhar.

Caravaggio

  • Composição piramidal, descentrada;
  • Enquadramento fechado e apertado;
  • Virtuosismo técnico (natureza morta);
  • Conjunto teatral, com fácil leitura;

Velasquez

  • Centro e perspectiva extremamente ambíguos;
  • (invisibilidade) representação do poder absoluto;

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