Poema “Lisbon Revisited”

1 – No poema “Lisbon Revisited”, o sujeito poético assume firmemente as suas convicções – recusa o desejo (do que quer que seja) e orienta a sua postura para um afastamento pessoal de todas as obrigações de carácter humano e tecnológico. Assim, o “eu” lírico reitera uma obsessão em tom de revolta da sua loucura, sendo que é incapaz de encarar “sistemas completos”, as “ciências” e a própria “civilização moderna”, que o afastam das outras pessoas e diferencia-o destas ao não se identificar com as conquistas da civilização moderna.

Toda esta revolta é envolta numa negatividade geral, associada à utilização de termos e expressões que indicam a sua intenção – uso repetido do advérbio de negação “Não”, utilização de versos exclamativos, palavras do campo lexical de  morte – “conclusão, morrer”.

2 e 2.1 – No poema, o sujeito poético aplica no seu discurso um tom irónico quando preconiza a tentativa de impor a sua loucura como verdade absoluta. Esta afirmação, no qual o “eu” interpela directamente o leitor, é imposta através do uso de expressões no imperativo, e remete para um discurso em tom coloquial, baseado na tentativa de dialogar com a sociedade em geral. O sujeito tenta ainda interpelar aos Deuses, o que revela o seu tom provocador com utilização de frases exclamativas.

2.2 – Nas duas últimas estrofes, o sujeito poético “encolhe” a sua euforia e loucura e transcende para um momento de recordação da imagem que tinha de Lisboa no passado e a nostalgia de tudo de bom que parecia existir na “idade do ouro”, a sua infância. Este é o tempo onde o “eu” lírico se ente completo, sendo esta a “eterna verdade” (v.)

3.3 – O título “Lisbon revisited (1923)” remete o poema para uma recordação do passado, em que o sujeito poético aparece magoado com aquilo que vê no momento actual na cidade de Lisboa, cujo local o sujeito não reconhece nada, nem lhe desperta sentimento ou vontade de encarar este local como pedaço de vida presente (“Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.”). No final, o “eu” lírico refugia-se novamente na solidão e na ânsia de estar sozinho, já que para ele, Lisboa não é mais lugar que lhe dá ou tira alguma coisa. Esta é, no fundo, a tentativa do sujeito se mostrar indiferente à civilização que observa e à Lisboa que lhe apresentam.

4 – O poema “ode triunfal” apresenta uma visão eufórica visível no elogio à civilização industrial e técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r eterno!”), representando uma i

Nesta euforia, o sujeito poético evoca tudo o que é novo – os “ruídos modernos” e as “máquinas” – acompanhando o ritmo alucinante da novidade.

Pelo contrário, no poema “Lisbon Revisited”, toda a euforia em relação à civilização moderna desaparece, dando lugar a uma falta de vontade, e angústia em relação às ciências e aos “sistemas completos”.

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