RENASCIMENTO – A representação tridimensional numa superfície bidimensional

“O homem como centro do universo”

Itália estava organizada em cidades-estado. Florença era até então a divisão de Itália mais poderosa. Os Medici subsidiaram a arte e inovação da cidade, desde a escultura à pintura. Havia um ensino quase como o actual, os alunos começavam por estudar arte, até os mestres verem se os alunos tinham potencial, se o tivessem, eram chamados para tornar mais sumptuoso o reino dos Medici.

  • O homem tornou-se na medida de todas as coisas;
  • A pintura do renascimento baseou-se num mundo directamente percebido, e reflectiu o mundo contemporâneo. A referência é a realidade;
  • A perspectiva linear centralizada é algo mais do que um conjunto de regras matemáticas, é um instrumento de conhecimento científico e de aproximação à realidade;
  • O homem passa a ser representado como um indivíduo real, dotado de sentimentos e de um corpo sólido, construído com base no estudo da natureza;

É no renascimento que estas figuras ganham vida, volume. A arte procura a realidade. (obviamente que a religião é a mais representada, mas de uma forma real, natural em espaços terrestres, onde existe representação divina).

Antecedentes

Com Giotto nasce uma racionalidade, concentração e naturalismo de raiz humanista. A nível de composição, as suas cenas são extremamente teatrais e construídas em profundidade. As figuras são reduzidas ao essencial, e exprimem sentimentos ou realizam acções com mínimo de gestos. Com isto, destruiu a imagem do gótico (que era até então mais religioso) e reduziu a composição da imagem ao essencial. Teatralidade na imagem, já tentando orientar o olhar do espectador para onde ele quer. De certo modo descobriu a arte de criar a ilusão de profundidade numa superfície plana. Com a representação do espaço tridimensional, todas as linhas ortogonais vão criar o direccionamento do olhar do apreciador num único ponto. Quem visualiza a imagem, é inconscientemente guiado para o ponto de fuga.

Perspectiva

A perspectiva tem o objectivo de criar ilusão do espaço e da profundidade, de tridimensionalidade numa superfície plana. Ao usar a perspectiva linear, o pintor imagina a superfície plana da tela como uma janela aberta através da qual vê o mundo. A linha de horizonte atravessa a tela a nível do olho do espectador. O ponto de fuga é o ponto de união, o ponto para o qual o olhar vai inconscientemente direccionar-se, não permitindo ao mesmo que se detenha em detalhes supérfluos. As linhas ortogonais ajudam na confluência do olhar do espectador para o ponto de fuga. Uma perspectiva central, possibilita a visão simultânea.

 

Renascimento

  • Imagem rigorosamente construída (não só a nível da construção, mas também da perspectiva);
  • Composição, geralmente, dividida em duas cenas, uma exterior e outra interior;
  • O espectador situa-se sempre no centro da imagem, visto que, a imagem possui apenas um único ponto de fuga;
  • Arranjo claro e simétrico, que dá à imagem uma composição extremamente rígida;
  • O tema principal e o fundo não se interligam, não há um elo de união. (Palco e cenário);

Sfumatto

  • Lineamento esbatido e cores suaves que permitem uma forma fundir-se noutra e ainda deixar algo para a nossa imaginação;
  • Dissolução dos contornos/formas à medida que o espectador se distância do plano da imagem;
  • Reconciliação do espaço com o espectador.

Miguel Ângelo

Concebeu o tecto da Capela Sixtina a partir da tese do século anterior em que: nada é mais belo do que a forma humana. (daí a existir pouca decoração). Queria evitar um espaço fragmentado, daí a ter planeado um sistema arquitectónico com o trono dos Profetas e das Sibilas saindo dos tímpanos. O ritmo dos intervalos da parte central dá ritmo e movimento ao conjunto.

 Perspectiva Cromática

A pintura em Veneza, devido às particulares condições de luminosidade da cidade e à técnica de envernizamento a óleo vinda de Flandres, criou a perspectiva cromática. Esta concepção vai sentir-se na pintura de paisagem, que deixa de ser um mero cenário, e passa a tornar-se num meio onde a luz vibra e o ar rodeia as coisas. Paisagem habitada e viva, que parece participar nas acções que desenrolam nela

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