O conto

Sobre o conto…

António Manuel Ferreira diz:

“Um conto pode ter algumas dezenas de páginas ou ter apenas uma frase;

Não pode é ser perdulário: tem de ser económico, usar o mínimo de elementos.”

O conto tem “uma capacidade de adaptação muito elástica”; “quase se poderá dizer que não existe o conto, mas contos, sendo cada exemplar uma espécie única”.

“todos os contos conseguidos procuram a concentração e a intensidade.”

(“objectivos que dificilmente se alcançam sem a economia de elementos” ) – o mínimo com o máximo de conteúdo lá dentro.

Nelly Novaes Coelho diz:

“Por muitas que tenham sido as discordâncias entre escritores e teóricos acerca da forma “conto” (…) um dado persiste como indiscutível, ao analisarmos em conjunto aqueles consagrados pelos tempos: a brevidade ou densidade dramática e sedução de  linguagem.”

“Enquanto o romance se constrói com várias células dramáticas, pois procura expressar a vida humana em seu todo complexo, através de um conflito individual, o conto expressa apenas uma “fatia”, um “momento” dessa vida, um fragmento expressivo do todo.”

Álvaro Salema diz:

“Narrativa curta, condensando um episódio, um caso humano ou perspectivação duma figura e da sua circunstacialidade.”

Rosa Maria Goulart diz:

“modo de concentração narrativa num evento singular.”

David Mourão-Ferreira diz três regras:

“não explicar”; “antes narrar que descrever”; “nunca diz em duas palavras o que pode ser dito apenas numa.”

Eça de Queirós diz:

“No conto tudo precisa ser apontado num risco leve e sóbrio: das figuras deve-se ver apenas a linha flagrante e definidora que revela e fixa uma personalidade; dos sentimentos apenas o que caiba num olhar, ou numa dessas palavras que escapa dos lábios e traz todo o ser; da paisagem somente os longes, numa cor unida.”

Resumindo:

A força e o interesse do conto nascem do encadeamento total dos elementos que o constituem: até o detalhe mais ínfimo deve participar na estruturação da intriga.

O início do conto

A primeira frase deve deixar-nos, de alguma maneira, pressentir o final.

As três primeiras palavras têm quase a mesma importância que as três últimas.

Por norma (é a metodologia mais tradicional), abre com a descrição de uma situação rotineira que é quebrada por um acontecimento que vai alterar a vida da personagem principal de forma decisiva.

Pode, em alternativa, arrancar com o acontecimento que vai alterar a vida da personagem principal de forma decisiva (situação de partida), relegando para mais tarde os contornos do quotidiano interrompido.

O conto…

Centra a sua acção num momento de crise, num ponto de viragem.

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