Eu Escrevo Contos e Novelas de Louis Timbal

Redacção do conto, aula baseada em Timbal-Duclaux, Louis, Eu escrevo Contos e Novelas, (“Quero Ser Escritor!”), Lisboa, Pergaminho, 1997, pp. 59-65.

Redacção do conto

  • O argumento (qual é a história da narrativa);
  • A técnica narrativa (de que ponto ou pontos de vista é contada a história);
  • O tom e o estilo pessoal de cada autor;
  • A mensagem (resulta da conjugação dos factores anteriores e, numa primeira análise, da comparação entre a situação final e a inicial) [o tal quadrado, no final].

Conjugando pilares

  • A mensagem (sentido) da narrativa constrói-se através da relação entre a personagem e o argumento.
  • Argumento… tem de mostrar uma personagem que realize acções que modificam a situação inicial.
  • Argumento… tem também de mostrar de que forma as acções desencadeadas pelo protagonista o faz evoluir entre um estado inicial e um estado final.
  • Isto significa que… os pilares mais importantes da “gramatica” do texto narrativo são: O sujeito (personagem), o predicado (argumento).

Decompondo o argumento, encontramos o tempo verbal utilizado. (alternâncias verbais)

  • Presente: supõe-se que a acção decorre ao mesmo tempo que a lemos: descobrimo-la à medida que a narrativa avança.
  • Passado: o narrador efectua uma retrospectiva, contando uma acção já executada e que se situa inteiramente no passado.
  • Futuro: utilizado mais raramente, serve para o narrador partilhar com o leitor uma acção que imagina que possa acontecer ou que gostaria que acontecesse (sonhos, desejos).

É possível articular os vários tempos verbais de uma forma correcta, para que a narrativa se torne mais interessante…. Mas cuidado com as incoerências verbais que nascem da tão famosa alternância verbal.

Pretérito imperfeito

  • Indica uma acção situada no passado mas Assinala o decorrer de uma acção no passado, que surge muitas vezes associada outra completamente realizada. “Estava contente no momento em que ele entrou…”

Pretérito Perfeito

  • Indica um facto novo que se produziu no passado. “Ele pegou na carta, passou os dedos ao de leve pelo papel cor de creme (…)”

Pretérito mais que perfeito

Refere acções passadas completas, anteriores a outras também passadas.

Ex: “Aproximou-se vagarosamente. Vestida tornara-se uma rapariguinha do campo, quase insignificante”.

Imperfeito vs. Mais que perfeito

Ex: “Eu comera quatro bolos quando a minha mãe me surpreendeu com o quinto na mão.”

Ex: “Eu comia o quarto bolo quando a minha mãe me surpreendeu com o quinto na mão.”

Pretérito perfeito composto

  • Serve para referir acções habituais anteriores a outras que tiveram lugar no passado
  • Serve também para expressar dúvida.

Ex: Tenho trabalhado…, tenho tentado…

Mais que perfeito composto

  • Indica acções completas no passado anterior a outras também no passado.

Ex: “Sabia que lhe tinham arruinado o jantar de Natal e não tinha ideia do que fazer a seguir.”

Ex: “Ele tinha crescido sem pais, provara que era independente, decidiu mudar de vida.”

Argumento e personagens

  • Ficha da personagem – conjunto de indicações que nos ajudam a criar as personagens e depois a coloca-las em acção.

Estruturação do argumento

  • Acontecimentos naturais, quotidianos.
  • Inexistência de acontecimentos naturais: falta de verosimilhança e realismo.
  • Acontecimentos dramáticos, peripécias da intriga que se destacam do quotidiano.
  • Inexistência de acontecimentos dramáticos: narrativa vazia e sem interesse.

 Estrutura dramática vs. Intriga

(esqueleto, espinha dorsal da narrativa)

  1. Organiza a narrativa;
  2. Distribui peripécias e acontecimentos naturais vividos pelas personagens.
  • Quando é eficaz: assegura a manutenção de uma intensidade (tensão) dramática adequada, que se desenrola em crescendo, até atingir o clímax, imediatamente antes do fim da narrativa.
  • Estrutura dramática coerente: especialmente importante no género o conto.

 

No conto, a estrutura dramática não pode ter pontos fracos.

 Intriga

  • Corresponde à sequência de peripécias vividas pelas personagens que se desenrolam ao longo da narrativa.
  • Estruturas dramáticas diferentes podem servir a mesma intriga…

Ex: As peripécias da história da Cinderela (intriga) podem ser organizadas das mais diversas formas (estrutura dramática): cronológica, com elipses; com recurso a flashbacks; etc.

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