Cinetoscópio – por Thomas Alva “Edison”, 1888

Cinetoscópio – por Thomas Alva “Edison”, inventado em 1888

Apesar de se ser comummente consensual que o nascimento do cinema deu-se com a apresentação do Cinematografo no Grand Café em Paris, em 1895 por parte dos irmãos Lumiére, existe quem discorde e diga que surgiu com o Cinetoscópio de Edison ou melhor, de Edison e dos seus assistentes – William Kennedy Laurie Dickson e surgindo numa fase posterior e conclusive William Heise, e um outro funcionário do Laboratório de Edison, Charles Kayser.

Tudo surge com um encontro entre Muybridge e Edison e um proposta do primeiro para o segundo para criarem um aparelho que reproduzi-se imagem e som síncronos. A tentativa de fundir zoopraxiscopio (Muybridge) e o Fonógrafo (Edison) que não foi levada a avante. Levou sim, ao anunciar da parte de Edison: de uma aparelho que “vai fazer ao olho o que Fonógrafo fez ao ouvido”.

A ideia original de Edison envolvia gravar fotografias directamente num cilindro, feito de um material opaco para imagens positivas ou de vidro para negativas, e eram revestidas em colódio como base fotográfica. Um cilindro de áudio proporcionaria uma sincronização de som, e seriam vistas por um pequeno tubo. Quando foram feitos testes com imagens expandidas verificou-se que era inaceitável o excesso de grão proporcionado pela emulsão de cristais de prata usados no suporte. Em 1889 o laboratório começou a utilizar folhas de    celulóide sintetizadas que podiam ser envolvidas no cilindro, providenciando uma base mais extensa para gravar as fotografias.


Outro encontro importante que dinamizou o projecto foi com Étienne.Jules Marey, o criador da primeira câmara de captação de imagens em movimento – “Chronophotographic gun” – que utilizava um tira de filme flexível desenhada para capturar imagens em sequência a 20 frames por segundo. Com isto em mente Edison decide firmar outra patente, que adicionava não só o filme flexível, mas também a sua perfuração para permitir o seu entrosamento em rodas dentadas, o que permitia que o desenrolar do processo fosse mais suave e eficaz. Contacto também relevante foi com o aparelho – “Electrical Tachyscope” – um projector que tirava partido da teoria da persistência retina, usando a fonte de luz intermitente para momentaneamente parar a projecção entre cada imagem. O objectivo era facilitar a retenção da imagem por parte do espectador, atenuando assim a transição entre imagens e consequentemente produzindo com efeito a ilusão de um movimento constante. Em 1890 foi totalmente adoptado pelo projecto Cinetoscópio. Em 1891 era desenvolvido um design funcional: o mecanismo era enclausurado num compartimento de Madeira, um loop de filme de 19mm configurado horizontalmente corria em series de eixos. O filme, com fila única de perfurações encaixadas por um roda dentada era passada continuamente por baixo de uma lente magnificadora. Uma lâmpada eléctrica emitia luz por de trás do filme, causando imagens de formato circular sobre a lente e dela seguia por um orifício no topo do compartimento onde o espectador espreitava.


A primeira apresentação pública do Cinetoscópio foi em Maio 20 de 1891 e de duração aproximada de três segundos, é hoje referida como “Dickson Greeting”. E foram por esta altura detalhadas três novas patentes, uma delas sendo denominada “Apparatus for Exhibiting Photographs of Moving Objects”. Na primavera a seguir, foi acrescentado um orifício para inserir moedas que fazia parte do mecanismo de visualização. No outono o Cinetoscópio estava essencialmente completo. a película era de 35mm, e cada frame era sequenciado verticalmente e continha uma imagem rectangular com quatro perfurações em cada lado – Em poucos anos seria adoptado mundialmente. Em 1984 foi registado o primeiro filme nos U.S. Copyrights, que não será projectado publicamente mas que acabou por ser o filme mais identificável e famoso de Edison – “Fred Ott’s Sneeeze”. A partir dai o crescimento foi exponencial, vários outros filmes foram criados, e foi instalado a primeira casa comercial de filmes onde eram cobrados 25 “cent” por meros minutos de entretenimento, o que na altura não era de todo barato e acabou por ser disseminado pela Europa.


Mas o que fica na história e apesar de ter sido destronado pela a investida dos Lumiére e consequentemente a sua patente ter perdido espaço de manobra tornando-se uma atracção de feira, este aparelho foi precursor. Juntou inumeras técnicas e adaptou-as, moveu a comunidade cientifica e investimentos, que trouxeram uma experiência que foi apreciada pelo público. Por mais que fossem elementares os filmes, o público podia pela primeira vez assistir “(…) a um encontro de boxe, uma dança exótica, a exibição de um acrobata, etc(…).” E apreciar, assistindo a pessoas de carne e osso e não somente a figuras desenhadas.

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